com a flecha enterrada no coração. O gigante falou pra Maanape:
— Atira a gente que eu cacei!
Maanape atirou guaribas jaós mutuns, mutum-de-vargem mutum-de-fava mutuporanga urus urumutum piaçocas, todas essas caças porém Piaimã engolia e tornava a pedir a gente que ele flechara. Maanape não queria dar o herói e jogava as caças. Levaram muito tempo assim e Macunaíma já tinha morrido. Afinal Piaimã deu um berro medonho:
— Maanape, meu neto, deixa de conversa! Atira a gente que eu cacei que sinão te mato, velho safadinho!
Maanape não queria jogar o mano mesmo, pegou desesperado em seis caças duma vez, um macuco um macaco um jacu uma jacutinga uma picota e uma piaçoca e atirou no chão gritando:
— Toma seis!
Piaimã ficou danado. Agarrou quatro paus do mato, uma acapurana um angelim um apió e um carauá, e veio com eles pra cima de Maanape:
— Sai do caminho, porqueira! jacaré não tem pescoço, formiga não tem caroço! comigo é só quatro paus na ponta da unha, jogador de caça falsa!
Então Maanape ficou com muito medo e jogou, truque! o herói no chão. Foi assim que Maanape com Piaimã inventaram o jogo sublime do truco.
Piaimã sossegou.
— Este mesmo.
Agarrou o defunto por uma perna e foi puxando.