Página:Marános, Teixeira de Pascoaes, 1920.djvu/197

XVII REVELAÇÃO FINAL Já se fizera a noite, e a lua nova Da sombra do horizonte já nasceu, Com o mesmo segredo e a mesma graça De outrora, quando, pálida, empeceu, Por entre a névoa branca, em sitio ermo, A Marános, no instante mysterioso Em que ele viu surgir para os seus olhos A sombra de Eleonor . . . Um vaporoso Sonho pairava no ar . . . tudo envolvera . . . A Montanha scismava . . . E o Caminhante Como que, ao lado d'ele, percebera Vago rumor de passos . . . Era Alguém. E Marános, surpreso, de repente, Avistou Eleonor que se tornara Mais nitida e mais viva ; e claramente Emergia seu Vulto da penumbra. Em confusão trazia a negra trança Que o saudoso espirito do sol Beijava . . . Ela era Ophelia enlouquecida, Era a Menina e Moça e o Rouxinol . . . E aquele Vulto mystico e sombrio, Á luz da lua nova, caminhava.

MA.KANOS