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E Eleonor, sorrindo: «Eu te perdôo
Essas loucas palavras que disseste!
Tu viste-me, e não sabes quem eu sou!
Assim tenho vivido incomprehendida...


«Nunca mandaste, em ancias, um olhar
Para além do teu sêr? E nunca viste
Uma Figura etérea acompanhar
Teus passos, e dormir ao pé de ti?


«Tambem o sol ignora a sua luz...


E a Donzela, mais palida, escutava
A voz de Eleonor, que se tornou
Tão séria! e os êrmos ventos imitava:


«Dirigiste-te a mim, como se eu fosse
Um pesadêlo apenas, sonho vão,
Ou alma do Outro Mundo ou sombra morta,
Quando eu pertenço á mesma Creação
A que pertences tu, á mesma Terra!
Sou da Vida e do Mundo como as flôres!
E o longínquo perfil d'aquela serra
Não é mais verdadeiro que os meus olhos
Contemplando-te, alegres, da distancia
Que separa dois Reinos, como tu
Contemplas uma rosa, n'essa infancia
Do abril que no teu corpo se insinua...


«Quando olhas para uma arvore, talvez ela
Julgue que és um phantasma e tenha medo!

E quem sabe se as arvores são phantasmas