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Saudava a grande Serra, quando viu
O vulto de Eleonor que sobresalta
Seu coração e as cousas que o contemplam.
E no sêrro mais alto que primeiro
Beija a luz da manhã, e onde o sol-pôr
Grava em oiro seu beijo derradeiro
Que a fria noite ascetica dilue,
Apesar da distancia, bem se via
Aquele suave Corpo sobre as rochas
Que uma nevoa chimerica esbatia
Em doces, brandas fórmas apagadas...
E a sua clara fronte era esculpida
No denso azul marmoreo que a cercava
D'uma aureola de sonho indefinida:
Vaga trança fluctuante e luminosa...
E cobria-lhe a face um veu etéreo,
Lembrando um beijo esparso que a envolvesse...
Era a imagem da Vida e do Mysterio,
De pé, sobre a Montanha irradiante.


Marános, n'um ideal contentamento,
Para ela caminhou na grande luz
Do céu; mas, por milagre e encantamento,
Fez-se uma Sombra enorme deante d'ele.
Parecia surgir da propria terra,
Toldando a luz e o ar ... E as fórmas nitidas
Dos mais altivos pincaros da Serra
Desmaiaram nos braços d'essa Nuvem...
E n'um delirio estranho e repentino,
N'um ataque sagrado de loucura,
Ouvindo a voz chimerica do Espirito

Que dentro em nós, somnambula, murmura,