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12 por 9 centímetros, com a espessura de 4 centímetros. A extremidade que devia embeber no cabo mede 6 centímetros de largura. Também no sítio da Pena, a dois quilómetros da cidade, se presume haver estacionado uma povoação bárbara. Em muitos pontos do concelho aparecem fósseis, principalmente marinhos. São muito para ver-se as petrificações de mariscos existentes nos rochedos sobre que se levanta a vila de Palmela. Na serra dos Barris, ao poente desta vila, têm-se encontrado medusas perfeitamente petrificadas.

Parece, pois, que o homem dos tempos pré-históricos povoara as vizinhanças do mar, que decerto já rudemente explorava, nos terrenos circumpostos à atual cidade de Setúbal.

Mas como não há remédio, no tocante a origens, senão vibrar golpes no ar contra a antiguidade impenetrável, prossiguemos nas conjeturas.

Presume-se que os fenícios, nas suas excursões à Lusitânia, foram atraídos às margens do Sado pela pressão e desejo de boa ganância. O Sr. Vilhena Barbosa diz que eles «encontrando na serra da Arrábida riquezas mineralógicas, objeto da sua principal pesquisa, estabeleceram uma colónia no pontal, que hoje vemos coberto d'arêas na margem esquerda do Sado, e junto à sua foz.» Por outro lado, André de Resende , falando-nos das belas cetárias fabricadas com barro signino em épocas mui remotas na antiga Cetóbriga, cetárias de que ainda hoje restam claros indícios, leva-nos a preferir a opinião de que os fenícios foram principalmente atraídos ali pelas excelentes condições piscícolas das aguas do Sado, tanto mais que o terreno do promontório barbárico não oferece à exploração senão cimento hidráulico e mármores, como, em lugar oportuno, diremos.

Fosse qual fosse o estímulo da ocupação dos fenícios, parece que a atividade peculiar a este povo, e por ventura o bom êxito da industria piscícola, concorreriam para fazer medrar e prosperar a nova colónia, cuja verdadeira situação é ainda