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hoje duvidosa, conquanto atualmente vejamos as suas ruínas na faixa de terreno que, na margem esquerda do Sado, se estende até à foz deste rio, na extensão de quinze quilómetros, defrontando com a moderna Setúbal.

Se fizermos obra pelo Itinerário de Antonino, colocaremos Cetóbriga na margem direita do Sado, supondo que a atual margem esquerda estava, neste ponto, ligada com a atual margem direita, e que um braço do rio se internava até grande distância pelos terrenos em que hoje assenta a cidade de Setúbal. O Itinerário descrevendo a primeira via militar que de Lisboa saía para Mérida, dá as seguintes estações:

Equabona (Coina) 12 000 passos
Catobriga 12 000 passos
Caeciliana 8000 passos
Etc.

Ora nós acreditamos, com João Baptista de Castro , e pelas mesmas razões que ele aponta, que Ciciliana era onde hoje está Agualva, duas léguas ou dez quilómetros de Setúbal, que fazem os oito mil passos que lhe dá o Itinerário, e não no sitio das Alcáçovas, povoação que está muito mais afastada.

Sendo assim, como supomos, e ficando Agualva na margem direita do Sado, não haviam as legiões romanas de seguir de Equabona (Coina) para Cetóbriga, tendo o trabalho de atravessarem o Sado, para depois o tornarem a atravessar com direcção a Ciciliana. Parece, pois, que entre Coina e Cetóbriga não havia solução de continuidade, apesar de Emilio Hubner dizer que é muito temerário colocar Cetóbriga na margem do norte do Sado, admitindo para isso uma alteração na corrente do rio. Salvo o respeito devido a Hubner, o qual em apêndice cita o Itinerário de Antonino, parece-nos que o ilustre professor está neste ponto em contradição com o próprio Itinerário como a nosso ver se mostra pelo argumento da dupla passagem do Sado, que as legiões romanas seriam obrigadas a fazer