a comadre tomou a mantilha, e partiram para a Prainha.

Maria-Regalada recebeu-as com uma boa risada.

— Que milagre de Santa Engrácia! que fortuna! que alegrão! O que a traz por aqui? Isto é grande novidade!

— É novidade, sim, respondeu D. Maria, porém triste novidade.

Com as honras do estilo, que não eram muitas naquele tempo, foi a comadre apresentada, porque não era conhecida de Maria-Regalada. Primeiro D. Maria, depois a comadre, contaram, cada uma por sua parte, a história do Leonardo com todos os detalhes, e depois de inúmeros rodeios, que puseram a arder a paciência da ouvinte, e quase a fizeram morrer de curiosidade, chegaram finalmente ao ponto importante, ao motivo que ali as levara: queriam nada menos do que a soltura e perdão do Leonardo, e contavam para alcançar semelhante coisa com a influência da Maria-Regalada sobre o major.

— Ora, disse esta tomando um ar de modéstia, eu já não presto para nada... isso era bom noutro tempo... agora... o major... as coisas estão mudadas, D. Maria... depois que ele se meteu na polícia... nem mais nem ontem... quem sabe o que por lá vai!... Mas enfim, D. Maria, eu não sei dizer que não, tenho o coração assim, e sempre o tive... no meu tempo muita gente se aproveitou disto... Eu farei o que puder; vou falar-lhe... talvez que ele me queira atender...

— Há de atender, há de, respondeu a comadre; ele já não está tão velho que se tenha esquecido de todo do tempo de dantes.