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Junon, Vesta, cortavam-se approximadamente em um mesmo ponto do espaço, emittiu a opinião de que pudessem ser os fragmentos de um grande planeta que se tivesse rompido em varios pedaços.

Mais tarde, quando a descoberta de maior numero de planetoides mostrou que suas orbitas não se cruzavam mais, como faziam as quatro primeiras, foi geralmente abandonada a hypothese de Olbers.

Na memoria em que 1879 sahiu como primeiro fasciculo dos Annaes do Imperial Observatorio do Rio de Janeiro, procurámos mostrar que o facto da não concentração das orbitas desses planetoides não se constituia por si só um argumento sufficiente para tornar inadmissivel a hypothese de Olbers.

E, mostrando pelo exame de todas as orbitas então conhecidas, que estas apresentavam quatro ou cinco pontos de concentração no espaço, onde suas orbitas se cruzavam, fizemos ver que semelhante concentração podia explicar-se admitiindo que se produzissem, em logar de uma só ruptura do planeta primitivo, varias rupturas, em pontos diversos da orbita. Nestes mesmos pontos onde se concentraram-se as orbitas dos planetoides, verificámos, pelo mesmo exame, que alli também cruzavam-se as orbitas dos cometas periodicos de Encke, Tempel II, Winnecke, Brorsen, Tempel I e Arrest, todos animados do movimento directo.

Transcrevemos agora da mesma memoria os seguintes trechos, em que vêm expostas algumas considerações em apoio da hypothese que ora estamos apresentando:

« Seja como fòr, é digno de nota que o facto inesperado da concentração das orbitas dos cometas periodicos nas zonas onde se acham condensados os planetoides, embora possa ser fortuito para algumas dellas, vem no emtanto reforçar consideravelmente a opinião de Olbers, a qual já se achava provada pelo facto só da concentração das orbitas planetarias que mencionamos.

« O modo possivel da origem de certos cometas, á qual acabamos de alludir, levanta numerosas questões interessantes. Examinando o assumpto com a devida attenção, não se póde deixar de observar que em um astro que tivesse, como a terra, volcões alimentados por poderosas acções chimicas collocadas debaixo do ponto da superticie onde se acham, e emittindo aliás gazes, como o fazem os volcões terrestres, é evidente que, no caso de uma ruptura do astro, essas regiões volcanicas achar-se-hiam repartidas nos diversos fragmentos ; ora, esta circumstancia não impediria os phenomenos chimicos que estavam em jogo, de continuar a se produzir, porém os effeitos d'ahi provenientes seriam mui differentes do que antes. Com efeito, antes da ruptura, a acção da gravitação exercitada pelo planeta primitivo manteria, em torno de si, como uma atmosphera, os gazes emittidos, e chamaria a si as materias projectadas fóra das crateras ; pelo contrario, sobre um fragmento de menos massa, e portanto desprovido de forte gravitação, todas as