Página:Meu captiveiro entre os selvagens do Brasil.pdf/28

22
O meu captiveiro entre

mar, até que a 12 de agosto chegámos a umas ilhas chamadas dos Açores e que pertencem ao rei de Portugal.

Tinhamos ahi lançado ferro e estavamos a descançar e a pescar, quando nos appareceu á vista um barco suspeito. Velejamos para elle a indagar que navio era, e como fosse um pirata atacamol-o victoriosamente e o tomamos, emquanto seus homens fugiam nos escaleres para as ilhas. Nessa presa encontramos muito pão e muito vinho, com o que nos regalámos grandemente.

Encontrámos depois cinco navios do rei de Portugal que aguardavam a chegada de um outro das Indias, que devia comboial-os para o Tejo. Esse navio das Indias chegou e ajudamol-o a alcançar uma ilha que chamam a Terceira, na qual se haviam juntado muitas naus de volta do novo mundo, umas com destino á Hespanha, outras a Portugal.

Sahimos de lá conjuntamente com cem navios e alcançámos Lisboa a 3 de outubro de 1548, após dezeseis mezes de viagem.

Em Lisboa descancei algum tempo, até que me deu vontade de ir com os hespanhoes ver as terras que possuem no mundo novo. Com esse intuito deixei Lisboa a bordo de um navio inglez, que ia de rumo para o porto de Santa Maria a carregar vinho.