talvez de menor vivacidade intelectual do que a dos povos continentais: “Pelo contrário, observou-me ele, as palavras serão minhas, a idéia é dele, essa repugnância ao que vem de fora do país, essa suspeita contra o que não é conforme ao instinto da raça, prova antes a originalidade dela, a força de sua própria produtividade, o orgulho das suas criações nacionais... Essa resistência foi que permitiu à Inglaterra dar ao mundo um Shakespeare”. Foi essa reflexão talvez que me levou a pensar que o cosmopolitismo, na esfera da concepção intelectual, não é um elemento criador, nem uma superioridade invejável: pelo contrário, a dificuldade de assimilar, de sentir o que não tem afinidades com a nossa própria produção, é antes uma virtude do que um defeito; a permeabilidade prejudica a solidez e conservação das qualidades próprias, isto é, da própria natureza.

Se eu tivesse que precisar o que devo a Tautphoeus, assinalaria, entre tantos outros trabalhos de lapidação que acredito serem dele, duas aquisições, a que em certo sentido se poderiam chamar transformações íntimas. A primeira, sem que aliás a sugestão partisse dele, nem mesmo que ele tivesse consciência deste ponto de vista meu – quem sabe se ele o não combateria? – é que diante dele, pensando nele, me habituei a considerar o juízo do historiador como o juízo definitivo, o que importa,