busca de alimento; e os seus olhos, penetrantes no verde úmido e agudo das luminosas pupilas, mais até fantasiosa a tornavam e mais nevoeiro davam à sua lenda de fadas.

E assim, arminho girante, que as quatro veludosas patas faziam fidalgamente caminhar, miando histérica, era como uma sonâmbula idealizada e amante que soluçava e gemia implorativamente a sua dor, através dos aposentos, na indiferença de quase todos.

Um dia, porém, uma doce mão feminina e perfumada quis tê-la junto de si e elevou-a consigo para a tepidez e a pompa das alcovas cheirosas, vivendo com ela ao colo, passando-lhe os íntimos alvoroços de seu sangue de Virgem - como se a gata fosse um profundo seio de afagos a que ela confiasse todos os seus mistérios e segredos de Noiva ainda presa no claustro cerrado, como as monjas normandas, da carne inquietante e alucinadora.