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MULHERES E CREANÇAS

seu pequeno amor o systema que sua mãe seguiu comsigo, que as suas amigas seguem com as filhas que teem.

Córte de uma vez este fatal nó gordio da tradicção, do costume, da rotina, que faz morrer em flôr tantas innovações beneficas.

Tenha a coragem das suas opiniões; inutilise esse formoso e rico enxoval que umas modistas banaes inventaram por ordem sua; deite fóra essas sedas, essas rendas, esses instrumentos de perdição para a alma pequenina que Deus lhe confiou.

Vista sua filha simplesmente, com um aceio gracioso e poetico, que revele os seus desvelos de mãe, mas que não denuncie as suas vaidades de rica.

Bem vê que, livre de todo aquelle fausto que a incommodava, como um laço de fita incommoda uma ave, a sua doce pequenina se sente mais livre e mais contente.

Eu bem sei que ainda ha pouco uma amiga sua, passando por ella, a mediu dos pés á cabeça, muito espantada e um pouco desdenhosa, perguntando a si mesma se v. exc.a já não era tão rica como ella julgou; mas em compensação d’esta pequena ferida de seu amor proprio, houve uma creança pobre, que ao parar junto da sua filhinha, ousou estender a bocca de rosas, e beijal-a com um dôce e fraterno beijo,