MULHERES E CREANÇAS
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O jantarinho quente, saboroso, cozinhado pela nossa velha Anna, debaixo da direcção da minha querida Maria, a toalha muito branca, um ramo de lilazes no centro, as fructeiras de vidro com as suas pyramides de fructas, sahindo do ninho fresco e avelludado das folhas verdes, os talheres muito bem limpos, um grande conchêgo na atmosphera, e em tudo visiveis o gosto d’ella, os cuidados d’ella, o affecto d’ella manifestando-se no bem-estar que me envolve e me acaricia!

Depois, á noite, o gabinete com a mesa redonda no centro, o candieiro de Carcel de luz clara e discreta, a poltrona de marroquim, com os grandes braços abertos que me convidam, os jornaes do dia, a ultima Revista, um romance novo, e a minha querida mulhersinha, com um vestido que lhe fica muito bem e que andou ella propria a fazer ás minhas escondidas — a ladina! — como se eu não tivesse olhos perspicazes que vêem de longe! com os seus longos cabellos louros penteados d’aquelle modo simples e puramente artistico, que faz da cabeça de cada estatua grega uma cabeça encantadora, e sobretudo com o seu sorriso bom, o seu olhar affectuoso e honesto, a sua voz consoladora que é uma musica, a melhor das musicas para o meu coração!

Para além do reposteiro entre-aberto, vê-se a alcova,