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MULHERES E CREANÇAS

tão colerico, e elle o leão pequenino, ajoelhou-se com as mãosinhas postas aos meus pés, e gago, cheio de lagrimas, com os grandes olhos espavoridos, disse-me — perdão mamã!

Ó Magdalena, imagina tu a força de que eu precisei para o não devorar de beijos! Pois não o fiz!

Mostrei-lhe uma cara seria, magoada, cheia de consternação e não o abracei em todo o dia.

Ha de ser colerico, já vês.

Quem me ensinará a mim a corrigil-o?

Já sei o que me respondes. — Faze queixa ao pae. O pae que lhe ralhe.

Deus me defenda de tal.

Em primeiro lugar o medo não corrige, humilha; não modifica, rebaixa. Depois eu não quero recorrer a ninguem para influenciar a alma de meu filho.

O pae ha de intervir sim senhor, porém mais tarde. Por’ora é elle meu, só meu.

Toda a creança tem defeitos, e ai d’aquella que os não tem! Arrenego das creanças-modêlos. Transformar esses defeitos — que são indicios caracteristicos do temperamento da organisação, de qualidades muitas vezes herdadas — em forças activas e fecundas, eis o grande problema da educação.

E talvez tu cuides, minha pobre amiga, que as gracinhas de bébé ficam por aqui?