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MULHERES E CREANÇAS


O Luiz faz hoje o seu primeiro exame no Lyceu; já se não chama bébé, já não tem aquelles annellados cabellos de ouro que eram o meu orgulho e as minhas unicas joias, os seus bellos olhos escuros já não tem a doçura pensativa, o pasmo encantador da alma que se busca e que se ignora; usa jaquetinha e calças, e hontem dei a uma vizinha pobre uma blusa que era d’elle, a sua ultima blusa de ha dous annos.

Que tolice! Sabes que lh’a dei a chorar?

O meu Luiz é quasi um homem.

É bom, é meigo, é d’uma deliciosa innocencia, de uma expansão de vida que assombra!

Não é meditativo, nem poeta; nada d’isso. É d’uma alegria impetuosa; d’uma actividade sem limites.

Gosta de estudar para me satisfazer a mim, mas tenho a certeza que gosta de brincar para se satisfazer a si.

Não sabe muito; ao pé dos nossos sabichõesinhos em miniatura, creio mesmo que passará por um ignorante; mas a verdade é que está apto e preparado para aprender tudo.

Suppõe tu um lavrador que fizesse as suas sementeiras antes de preparar a terra com os convenientes adubos, e aqui tens parte dos educadores de hoje.