MULHERES E CREANÇAS
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para com o sexo a que pertenço; que accuso com muita injustiça as mulheres de todos os males que teem succedido, que succedem ou que estão para succeder no nosso mesquinho planeta.

Ora eu, pelo contrario, estou convencida de que o meu orgulho, de que a minha vaidade feminil me levam a dar ás mulheres uma importancia que mais ninguem lhes quer reconhecer.

Eu digo que d’ellas provéem todos os males, porque estou convencida — talvez sem razão — que d’ellas podiam provir todos os bens.

Ainda no ponto de que se tracta é d’ellas toda a culpa, no meu humilde entender.

Sim, porque no fim de contas, não são os pobres maridos que mais desejam figurar nos bailes e nos saraus, e que de boa vontade sacrificam a commoda poltrona em que podiam dormir a sesta, o bom e saboroso jantarinho que podiam comer, o livro util e proveitoso que comprariam, para gastarem esse dinheiro n’uma toilette falsamente luxuosa, n’uma soirée ridiculamente burgueza, n’um jantar de ceremonia cujos acepipes, na opinião do conviva mais guloso, seriam só dignos de figurarem n’um banquete de theatro com pratos de... papelão.

São as mulheres que teem sempre a louca ambição de figurarem ao par de outras mais ricas, embora