NEGRINHA 15


— Eu curo ella ! disse desentalando as banhas do throno e indo para a cozinha, qual uma perúa choca, a rufar as saias.

— Traga um ovo !

Veiu o ovo. D. Ignacia mesma pol-o na chaleira d'agua a ferver e, de mãos á cinta, gosando-se na prelibação da tortura, ficou de pé uns minutos, á espera. Seus olhos contentes envolviam a misera criança que, encolhidinha a um canto, tremula, olhar esgazeado, aguardava alguma coisa de nunca visto. Quando o ovo chegou a ponto a boa senhora exclamou :

— Venha cá !

Negrinha approximou-se.

— Abra a bocca !

Negrinha abiu a bocca, como o cuco, e fechou os olhos. A patrôa, então, tirou da agua "pulando" o ovo, com uma colher, e zás ! na bocca da pequena. E antes que o urro de dôr saisse, pratica que era D. Ignacia nesse castigo, suas mãos amordaçaram-na até que o ovo arrefecesse. Negrinha urrou surdamente, pelo nariz — esper-