22 NEGRINHA

coisa. Si não era coisa ! Si sentia ! Si vibrava !...

Assim foi, e essa consciencia a matou.

Terminadas as férias, partiram as meninas, levando comsigo a boneca, e a casa reentrou no ramerrão habitual. Só não voltou a si Negrinha. Sentia-se outra, inteiramente transformada.

D. Ignacia, pensativa, já não a atenazava tanto, e na cozinha uma criada nova, boa de coração, amenizava-lhe a vida.

Negrinha, não obstante, caira numa tristeza infinita. Mal comia e perdera a expressão de susto que tinha nos olhos. Trazia-os agora nostalgicos, scismarentos.

Aquelle dezembro de férias. luminosa rajada de céo, trevas a dentro do seu doloroso inferno. envenenára-a.

Brincára ao sol. no jardim — brincára !... Acalentára, dias seguidos, a linda boneca loura. tão boa, tão quieta, a dizer papá e a cerrar os olhos para dormir. Vivera realisando sonhos da imaginação. Desabrochara-se d'alma.

A repentina retirada de tudo isso fôra forte