O JARDINEIRO TIMOTHEO 81

ou animal domestico. Havia a roseira-chá da Liduina, mucama de Sinházinha; o sangue-de-Adão do Tiburcio, cocheiro; a rosa-maxixe da mulatinha Cesaria, sirigaita enredeira, de cara fuchicada, como essa flôr. O Vinagre, o Meteoro, a Mangerona, a Tetéa, todos os cães que na fazenda nasceram e morreram, ali estavam lembrados pelo seu pésinho de flôr, um resedá, um tufo de violetas, uma touça de perpetuas. O cão mais intelligente da casa, Othelo, morto hydropho, teve as honras d'uma sempre-viva rajada.

— Quem ha de esquecer um bicho daquelles, que até parecia gente ?

Tambem os gatos tinham memoria. Lá estava a cineraria da gata branca, morta nos dentes do Vinagre, e o pé de alecrim relembrativo do velho Romão.

Ninguem, a não ser Timotheo, colhia flôres no jardim. Sinházinha tolerava aquillo desde o dia em que elle lhe explicou:

— Não sabem, Sinházinha ! Vão lá e atrapalham tudo. Ninguem sabe apanhar flôres !...