82 NEGRINHA


Era verdade. Só elle sabia escolhel-as com intenção e sempre de accordo com o destino. Se as queriam para florir a mesa em dia de annos da moça, Timotheo combinava os buquês como estrophes vivas. Colhia-as resmungando:

— Perpetua ? Não. Vocẽ não vae para a mesa hoje. E' festa alegre. Nem você, dona violetinha !... Rosa-maxixe ? Ah ! ah ! Tinha graça, a Cesaria em festa de branco !...

E sua tesoura ia cortando os caules com sciencia de mestre. A's vezes parava, a philosophar :

— Ninguem se lembrará hoje do anjinho... P'ra que, então, goivo nos vasos ? Quietinho, fique ahi o meu Senhor dos Passos, que não é flôr de vida, é flôr de cemiterio...

E sua linguagem de flôres ? Suas ironias, nunca percebidas de ninguem ? Seus louvores, de ninguem suspeitados ? Quantas vezes não a poz na mesa, sobre um prato, um aviso a um hospede, um lembrete á patrôa, uma censura ao senhor, compostos sob a fórma de ramilhete ?