companhia do estrangeiro. A meia noute as portas do castello forāo abaladas como por hum furacāo , e ouvió se huma voz como de hum pregoeiro a pedir que lhe remettessem seu prisioneiro , Damnischemend , filho d՚Ali. O Porteiro sentio entāo que se abria huma janella , e reconheceo a voz do amo que fallava á pessoa que acabava de pronunciar a summaçāo. Mes a escuridāo nāo deu lugar para que inxergasse alguem entre os interlocutores , e se a linguagem de que uzavāo nāo lhe era de tudo incognita , o colloquio achava-se tāo lardeado de termos estranhos , que nāo soube comprehender hum só vocabule. Cinco minutos apenas tinhāo decorrido, quando o pregoeiro levantou novamente a voz em allemāo , e disse:
— Pois bem ; eu adio o exercicio dos meus direitos á hum anno e hum dia ; mas quando eu voltar áquella época para exigir aquillo que me he devido , nāo haverá já meio algum para mo esconder , ou mo negar. —
Desd՚aquelle momento o persa Damnischemend permaneceo no interior do castello d՚Arnheim; e jamais sahio para fóra da Ponte levadiça. Seus trabalhos e passatempos pareciāo concentrar-se na livraria , ou no laboratorio do Barāo , e este , as mais das vezes , tomava parte nas suas occupaçōes. Os habitantes do castello nāo tinhāo outra queixa do persa , ou mago , senāo que elle se eximia de todo dever religioso; poisque jamais ouvia missa , confessava-se ou assistia aqualquer acto piedoso. Verdadeiramente