E a terra convulsada estremecia,
E o som dos ventos e o troar das nuvens,
E o convulsar do terremoto ao longe
Eram ao mundo d'agonia um threno
De negro desespero em frios lábios!

VIII

E Magdalena nas madeixas humidas
Repassadas de pranto, o rosto frio
Envolvia gemendo — e quando os olhos
Á cruz erguia, ás vezes, vendo o corpo
Da creatura divina, desse outr'ora
Tão formoso Jesus — cortado e frio
E humido todo de suor de sangue,
E os olhos frios — já vidrados — fixos
Onde gelaram lagrimas, alçados,
A escuridão do céo, ora baixados
A cidade maldita — Magdalena
Gemebunda, em soluços affogada,
Tremia e ardentes olhos lhe queimava
Um pranto de cegar — em nuvem rubra!

IX

E ás vezes o relâmpago das cintas
          Do deserto alvejando
No calvo cerro illuminava as cruzes
          E as mulheres chorando!