O cônego pousou o jornal, e com a voz pachorrenta:

— Você pensa que me dá isto cuidado? disse ele. Boa! Tenho que comer e que beber, graças a Deus! Deixar rosnar quem rosna!

— Não, mano, interrompeu a irmã, mas a gente sempre tem o seu bocadinho de brio!

— ora, mana! replicou o cônego Dias com um azedume de raiva concentrada. Ora, mana! ninguém lhe pede a sua opinião!

— Nem preciso que ma peçam, gritou ela empertigando-se. Sei-a dar muito bem quando quero e como quero. Se não tem vergonha, tenho-a eu!

— Então! então! disseram em roda, acalmando-a.

— Menos língua, mana, menos língua! disse o cônego fechando os seus óculos. Olhe, não lhe caiam os dentes postiços!

— Seu malcriado!

Ia falar, mas sufocou-se; e começou subitamente a soltar ais.

Recearam logo que lhe desse o flato; a S. Joaneira e a D. Joaquina Gansoso levaram-na para o quarto, embaixo, amparando-a, com palavras brandas:

— Estás doida! Por quem és, filha! Olha que escândalo! Nossa Senhora te valha!

Amélia mandava buscar água de flor de laranja.

— Deixe-a lá, rosnou o cônego, deixe-a lá! Aquilo passa-lhe. São calores!

Amélia deu um olhar triste ao padre Amaro, e desceu ao quarto com a Sra. D. Maria da Assunção e a Gansoso surda, que iam também "sossegar