— Está claro, está claro... - murmurou Amaro, que se fizera muito branco.

O cônego pigarreou grosso, e ajuntou:

— E você agora apareça por lá, agora está tudo na ordem... A patifaria do jornal isso pertence à história... O que lá vai, lá vai!

— Está claro, está claro... - rosnou Amaro. Traçou bruscamente a capa, saiu da igreja.

Ia indignado; e continha-se, para não praguejar alto, pelas ruas. À esquina da viela das Sousas quase esbarrou com Natário, que o agarrou, logo, pela manga, para lhe soprar ao ouvido:

— Ainda não sei nada!

— De quê?

— Do liberal, do Comunicado. Mas trabalho, trabalho!

Amaro, que ansiava por desabafar, disse logo:

— Então ouviu a novidade? O casamento de Amélia... Que lhe parece?

— Disse-me o animal do Libaninho. Diz que o rapaz apanhou o emprego... Foi o doutor Godinho... E outro que tal!... Veja você esta corja. O doutor Godinho do jornal às bulhas com o governo civil, e o governo civil a atirar postas aos afilhados do doutor Godinho. Vá lá entendê-los! Isto é um país de biltres!

— Diz que há grande alegrão na casa da S. Joaneira! - disse o pároco, com um azedume negro.

— Que se divirtam! Eu não tenho tempo de lá ir... Eu não tenho tempo para nada!... Eu cá ando no meu fito, saber quem é o liberal e escachá-lo! Não posso ver esta gente que leva a chicotada, coça-se, e curva a orelha. Eu cá não!