Iam a sair; mas Natário deitou um olhar para o caixão do morto, e apontando com o guarda-chuva:

— Quem está ali?

— O Morais, disse Amaro.

— O gordo, picado das bexigas?

— Sim.

— Boa besta!

E depois de um silêncio:

— Foram os Ofícios do Morais... Eu nem dei por isso, ocupado cá na minha campanha... E a viúva fica rica. É generosa, é presenteadora... Quem a confessa é o Silvério, hem? Tem as melhores pechinchas de Leiria, aquele elefante!

Saíram. A botica do Carlos estava fechada, o céu muito escuro.

No largo, Natário parou:

— Resumindo: o Dias fala à S. Joaneira, e você fala à pequena. Eu por mim me entenderei com a gente do governo civil e com o Nunes Ferral. Encarreguem-se vocês do casamento, que eu me encarrego do emprego! - E batendo no ombro do pároco jovialmente: - É o que se pode dizer atacá-lo pelo coração e pelo estômago! E adeusinho, que as pequenas estão à espera para a ceia! Coitadita, a Rosa tem estado com um defluxo!... É fraquita, aquela rapariga, dá-me muito cuidado... Que eu em a vendo murcha até perco logo o sono. Que quer você? Quando se tem bom coração... Até amanhã, Amaro.

— Até amanhã, Natário.

E os dois padres separaram-se, quando davam nove horas na Sé.