que lhe davam os anos e a sua posição no pais, que não fosse espalhar, por despeito, acusações que só serviam para destruir o prestigio do sacerdócio, indispensável numa sociedade bem constituída! - Sem ele, tudo seria anarquia e orgia!

E recostou-se, pensando, satisfeito, que estava nessa manhã com "o dom da palavra".

Mas a face consternada do escrevente, que não se movia, de pé junto da banca, impacientava-o; e disse com secura, puxando para diante de si um volume de autos:

— Enfim, acabemos, que quer o amigo? Já vê, eu não lhe posso dar remédio.

João Eduardo replicou, com um movimento de coragem desesperada:

— Eu imaginei que o senhor doutor podia fazer alguma coisa por mim... Porque enfim eu fui uma vitima... Tudo isto vem de se saber que eu escrevi o Comunicado. E tinha-se combinado que havia de ser segredo. O Agostinho não disse, só o senhor doutor o sabia...

O doutor pulou de indignação na sua cadeira abacial:

— Que quer o senhor insinuar? Quer-me dar a entender que fui eu que o disse? Não disse... Isto é, disse; disse-o a minha mulher, porque numa família bem constituída não deve haver segredos entre esposo e esposa. Ela perguntou-me, disse-lho... Mas suponhamos que fui eu que o espalhei pelas ruas. De duas uma: ou o Comunicado era uma calúnia, e então sou eu que devo acusá-lo de ter poluído um jornal honrado com um acervo de difamações; ou era verdade, e então