enfim arrastar a mesa e as cadeiras, para a paralítica sentir embaixo, saber que tinham acabado a conferência.

Amaro não findava ainda de a beijocar: ela então, para acabar, fugia- lhe, ia escancarar a porta do quarto; o padre descia, atravessava em duas passadas a cozinha sem olhar para a Totó, e entrava na sacristia.

Amélia, essa, antes de sair, vinha ver a paralítica, saber se gostara das estampas. Encontrava-a às vezes com a cabeça debaixo dos cobertores, que entalava e prendia com as mãos para se esconder; outras vezes, sentada na cama, examinava Amélia com olhos em que se acendia uma curiosidade viciosa; chegava o rosto para ela, com as narinas dilatadas que pareciam cheirá-la; Amélia recuava, inquieta, corando também; queixava-se então de ser tarde, recolhia a Vida dos Santos, - e saía, amaldiçoando aquela criatura tão maliciosa na sua mudez.



Ao passar no largo, àquela hora, via sempre a Amparo à janela. Ultimamente mesmo julgara prudente contar-lhe em segredo a sua caridade com a Totó. A Amparo, mal a via, chamava-a; e debruçando-se toda na varanda:

— Então como vai a Totó?

— Lá vai.

— Já lê?

— Já soletra.

— E a oração a Nossa Senhora?

— Já a diz.

— Ai, que devoção a tua, filha!