— Você, Ferrão, é capaz de dar quinaus a Salomão em prudência!

— Oh, colega! oh, colega! exclamou o abade, ofendido com aquela injustiça feita à incomparável sabedoria de Salomão.

— Ao próprio Salomão! afirmou ainda o cônego da rua.

Tinha preparado uma história hábil para justificar a sua visita à paralítica; mas durante a sua conversação com o abade ela escapara-lhe, como tudo o que deixava um momento nos reservatórios da memória; e foi sem transição que disse simplesmente a Amélia:

— Vamos lá, também quero ir ver essa Totó!

Amélia ficou petrificada. E o senhor pároco, naturalmente, já lá estava! Mas a sua madrinha Nossa Senhora das Dores, que ela invocou logo naquela aflição, não a deixou enleada no embaraço. - E o cônego, que caminhava ao lado dela, ficou surpreendido ouvindo-lhe dizer com um risinho:

— Viva, hoje é o dia das visitas à Totó! O senhor pároco disse-me que também talvez hoje aparecesse por lá... Talvez lá esteja até.

— Ah! O amigo pároco também? Está bom, está bom. Faremos uma consulta à Totó!

Amélia então, contente de sua malícia, tagarelou sobre a Totó. O senhor cônego ia ver... Era uma criatura incompreensível... Ultimamente, ela não tinha querido contar em casa, mas a Totó tomara-lhe birra... E dizia coisas, tinha um modo de falar de cães e de animais, de arrepiar!... Ai, era um encargo que já lhe pesava... Que a rapariga não lhe escutava as lições, nem as orações, nem os conselhos... Era uma fera!