— De quantos meses está ela?

— De quantos meses? Está de agora, está dum mês...

— Então é casá-la! exclamou o cônego com explosão. Então é casá-la com o escrevente!

O padre Amaro deu um pulo:

— Com os diabos, tem você razão! É de mestre!

O cônego afirmou gravemente com a cabeça que era "de mestre".

— Casá-la já! Enquanto é tempo! Pater est quem nuptiae demonstrant... Quem é marido é que é pai.

Mas a porta abriu-se, e apareceram os óculos azuis, a touca negra de D. Josefa. Não se pudera conter em cima, na cozinha, tomada dum frenesi agudo de curiosidade; descera na ponta das chinelas e colara o ouvido à fechadura do escritório; mas o grosso reposteiro de baetão estava cerrado por dentro, um ruído de lenha que se descarregava na rua abafava as vozes. A boa senhora então decidiu-se a entrar, "a dar os bons-dias ao senhor pároco".

Mas debalde, por detrás dos vidros defumados, os seus olhinhos agudos esquadrinharam ansiosamente o carão espesso do mano e a face pálida de Amaro. Os dois sacerdotes estavam impenetráveis como duas janelas fechadas. O pároco mesmo falou ligeiramente do reumático do senhor chantre, da notícia que corria sobre o casamento do senhor secretário-geral... Ao fim duma pausa ergueu-se, contou que tinha nesse dia uma famosa orelheira para o jantar - e a Sra. D. Josefa, roendo-se, viu-o abalar depois de ter dito já por detrás do reposteiro ao cônego: