assombrada, seguindo-os até que as costas do lacaio desapareceram à esquina da casa. Sem uma palavra, veio sentar- se no sofá. Amaro, que continuava passeando pelo quarto, teve então um risinho sarcástico:

— O idiota, de lacaio à retaguarda!

Ela não respondeu, muito escarlate. E Amaro, chocado, saiu atirando com a porta, foi para o quarto de D. Josefa contar-lhe a cavalgada, e vituperar o Morgado.

— Um excomungado de criado de farda! exclamava a boa senhora, com as mãos apertadas na cabeça. Que vergonha, senhor pároco, que vergonha para a nobreza destes reinos!

Desde esse dia Amélia não tornou a choramigar, se pela manhã o senhor pároco não vinha. Quem esperava agora com impaciência era o Sr. abade Ferrão, pela tarde. Apoderava-se dele, queria-o numa cadeira junto ao canapé: e depois de rodeios demorados de ave que tenteia a presa, caía sobre a pergunta fatal - se tinha visto o Sr. João Eduardo?

Queria saber o que ele dissera, se falara nela, se a avistara à janela. Torturava-o com curiosidades sobre a casa do Morgado, a mobília da sala, o número de lacaios e de cavalos, se o criado de farda servia à mesa...

E o bom abade respondia com paciência - contente de a ver esquecida do pároco, ocupada de João Eduardo: tinha agora a certeza que aquele casamento se faria: ela evitava, de resto, pronunciar sequer o nome de Amaro, e uma vez mesmo respondeu ao abade que lhe perguntava se o senhor pároco voltara à Ricoça: