umas espécies de remorsos a reprovarem-lhe o procedimento, a dizerem-lhe que fizera mal em querer seduzir a mulher do amigo que tão fraternalmente lhe abrira a casa. Oh! Estava bem só, sentindo-se e mesmo contra si!

Até o Pedroca, que antigamente lhe dispensava tanta amizade e ia sempre recebê-lo ao portão, mostrava-se agora arredio às suas graças e amabilidades. Parecia também enfastiado da sua pessoa, com vontades de vê-lo pelas costas. E o Marcondes impressionara-se muito com isto. Tinha pela criança uma grande e verdadeira afeição. Achava-o tão galante com a sua cabecinha loura e os olhos claros e inocentes, a boca pequenina e rubra que sorria tão bem, tão engraçada quando se remexia ao fluxo das palavras e das idéias! Demais redobrara-lhe a paixão por Nenê. Queria-a ainda. Queria-a sempre, fosse como fosse, custasse o que custasse! E o Pedroca parecia-lhe um pedacinho da moça, a trazer-lhe o seu aroma suave, a destilar aquela beleza das carnações sadias. Gostava de tê-lo ao colo como uma emanação do objeto amado. E a criança fugia-lhe, torturando-o, aumentando-lhe os padeceres, fazendo-o sentir mais grandemente todo esse isolamento