parecia-lhe que o outro era o culpado de tudo isto. Desde o colégio, naqueles bons tempos em que os dois saíam juntinhos das aulas para darem os seus passeios, que ele notara no Pedro um certo estouvamento, umas grandes imprudências e irreflexões, que então lhe pareciam muito engraçadas e de que os dois já se tinham habituado em carregar com as conseqüências.

Agora era novamente preciso que ele se metesse pelo negócio e acalmasse os ânimos enquanto não arranjava um pretexto para se retirar. Tinha muita confiança em si. Lembrava-se das dificuldades quase idênticas em que se achara por vezes e que conseguira sempre resolver com a sua brandura e pacatez - inimigo como era desses choques brutais de temperamentos e de individualidades. Para dar princípio às suas resoluções, para entrar imediatamente nesta campanha à conquista de paz, parece-lhe bem conveniente começar pela criança, por aquele menino louro que estava ali a seu lado, na cadeirinha alta, muito sério, sem dizer uma palavra, com modos de gente. Perguntou-lhe o nome. Chamavam-no Pedroca para não confundi-lo com o pai. E desde então rodeou-o de cuidados e atenções, procurando contentá-lo