Entretanto o Pedroca, que ouvira calado todas essas explicações, vendo que a conversação começava a esfriar, pediu a sá Jovina para lhe contar uma história. Ele gostava tanto quando a boa velha o sustentava ao colo, lhe falava de umas princesas encantadas e muito bonitas que viviam acorrentadas e sofredoras até a chegada de algum príncipe que lhes restituísse a liberdade! E insistia ante as negaças da senhora. Trepava-lhe pelo colo acima, não obstante as advertências de Nenê, e tanto fez que a obrigou a satisfazê-lo. Antes porém de dar princípio à sua história era preciso que sá Sovina merendasse qualquer coisa. Dona Augusta chamava pelo Valentim e pela Marocas para que trouxessem uns pratos e talheres e pusessem em cima da mesa o queijo e o doce. O Pedroca quis fazer companhia à sua boa amiga e as duas senhoras, apesar de não terem o costume de comer qualquer coisa entre o almoço e o jantar, resolveram-se a acompanhá-la. Foi então, ali em derredor da mesa um grande redobramento de confidências íntimas ditas baixinho, a despertar a curiosidade do menino, que distraidamente ia mastigando o doce de laranja.