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de estibordo. Éram 7 horas, pequenas nuvens brancas esbatiam-se no ar. O duello era ao primeiro tiro, havendo ferimento grave. Lord Grenley deu o signal, os dois adversarios fizeram fogo. Perny deixou cahir a pistola, e abateu-se sobre os joelhos. Estava gravemente ferido com a clavicula partida. Foi deitado n’uma cabine preparada. Levantou-se o pavilhão inglez e navegámos para Malta. Vinha cahindo a tarde.

Eu dirigi-me logo aos quartos de D. Nicazio. Carmen estava só.

— Sabe o que fez? disse-lhe eu. Perny está ferido.

— Isso cura-se, eu mesma o curarei... agora o que é sério, é o que se está tramando aqui dentro d’este hotel... Eu não sei bem o que é, desconfio apenas... Diga ao conde que vigie a condessa!

Eu encolhi os hombros, dirigi-me ao quarto da condessa: estava o conde, Rytmel, e Lord Grenley. O ferimento de Perny fôra declarado sem perigo, o capitão estava tranquillo. Conversava-se alegremente. Combinava-se uma visita á ilha de Gozzo, a oito kilometros de Malta. Grenley tinha proposto a excursão, e offerecia o seu yacht. O conde esquivava-se, dizendo que o mar o incommodava, no estado nervoso em que estava.

— Menino, é aquella maldita Rize! veio-me elle dizer em voz baixa, tenho-lhe para amanhã promettido um passeio a Bengama.

— Mas, então?

— Acompanha tu a condessa. Vae Grenley e Rytmel. Faze-me isto. Bem vês! Mademoiselle Rize é exigente, mas pobresinha d’ella, tem o sangue maltez!

Mais tarde, quando eu atravessava para o meu quarto, um vulto veiu a mim no corredor e tomou-me pela mão.

— Escute, disse-me uma voz subtil como um sopro.

Era Carmen.

— Se é um homem de honra, cautella amanhã com o passeio a Gozzo.

E desappareceu.

VIII

 

No outro dia ás seis da manhã fui a casa de Rytmel. A condessa havia estado durante a noite sob o dominio d’uma extrema