Página:O dever com exemplos de coragem, paciencia e abnegação (1884).pdf/13

que lhe haviam mandado fazer. Obediencia aos pais, ao mestre, ao superior, eis o que cumpre aprender a todo aquelle que quizer desempenhar o seu dever. A infancia deve começar pela obediencia. No entanto a idade não nos serve de desculpa. Devemos ser obedientes até ao fim. O dever na sua mais pura fórma é tão rigoroso, que não devemos pensar, quando o cumprimos, em nossa individualidade. Eil-o ahi está. Deve ser cumprido sem a menor idéa de sacrificio.

Citamos um exemplo de data muito mais recente do que a do soldado romano em Pompeia. — Quando a Berkenhead foi a pique na altura da costa d’Africa, afundando-se com os bravos soldados que a seu bordo soltavam foguetes á medida quo o navio se submergia nas ondas, o duque de Wellington, depois da chegada daquella noticia á Inglaterra, assistiu a um banquete que lhe foi offerecido na Academia Real. Macauley diz a esse respeito: «Notei (e comigo o Sr. Lawrence, ministro americano) que, no elogio feito aos valentes mortos, o Duque não fallou, uma vez sequer, na coragem delles, mas citou por diversas vezes a sua disciplina e subordinação. Repetiu a mesma cousa com insistencia. Supponho que o Duque considerava a coragem como um facto naturalissimo.»

O dever é severo para comsigo mesmo. Não é unicamente temeridade. O gladiador que combatia o leão com a coragem do leão era animado pelo enthusiasmo dos espectadores, e tinha sempre em mira a sua propria individualidade e os premios promettidos. Pizarro foi intrepido. Em meio das privações terriveis por que passou, o seu amor ao ouro o impellia constantemente.

«Quereis ser grande? diz Santo Agostinho. Começai por vos fazerdes pequeno. Quereis construir um vasto e grandioso edificio? Pensai primeiro nos alicerces