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poeta grego, que existiu trezentos annos antes de Christo, tambem o reconheceu. «Em nosso seio, disse elle, existe um Deus: — a consciencia.» Mais adiante diz elle ainda: «Viver para si sómente não é viver. Quando praticares uma boa acção, alegra-te, pois sabes que Deus toma parte em tudo quanto é santo. O coração magnanimo é do que o homem mais necessita.»

A consciencia é aquella faculdade da alma que póde ser chamada — o instincto religioso. Revela-se primeiro quando reconhecemos em nosso seio a luta de uma natureza mais pura contra o instincto vicioso; — a luta do espirito contra a carne, — do bem procurando subjugar o mal. Para onde quer que lancemos o olhar, dentro da igreja ou fóra della, a mesma luta existe sempre, — guerra de vida ou de morte; homens ou mulheres padecendo tormentos, porque amam o bem e não podem attingil-o.

E’ deste sentimento que nasce a Religião, — a lei divina que nos entrega A’quelle a quem a consciencia representa. «E’ esta experiencia, diz o conego Mosely, que tem constituido a base de todas as religiões. O homem contemplando a sua alma, e vendo a luta que nella existe, e dahi conhecendo-se a si proprio, e em seguida chegando ao conhecimento de Deus.» Sob esta influencia, o homem sente e distingue o que é puro e impuro. Tem a escolhe entre o bom e o mal. E porque tem a liberdade de escolha, torna-se responsavel pelas suas acções.

Seja qual fôr a convicção theorica de um homem, praticamente não póde elle crêr que as suas acções são necessarias e inevitaveis. Não existe pressão alguma sobre a nossa vontade. Sabemos que não somos constrangidos, como que por um encanto, á determinada razão. «Reconhecemos, diz John Stuart Mill, que, se