a alma dos dois miserandos rivais. Sombrios e taciturnos, sentados em face um do outro, Inimá à popa , e Itajiba à proa, abandonaram à mercê da torrente a canoa, que por largo tempo foi boiando sem remos serena e silenciosamente até sumir-se a grande distância das habitações dos índios. Ambos tinham tocado ao supremo grau do infortúnio; para ambos a existência se tinha tornado um flagelo contínuo, um tormento insuportável, e só viviam de ódio e desesperação. A ambos torturava igual ânsia de ao mesmo tempo esmagar o seu rival e de expirar a seus golpes: quereriam morrer estrafegando-se mutuamente em um abraço de panteras. Já largo tempo tinham vogado quedos e taciturnos à mercê das águas quando Inimá rompe o silêncio.

— Itajiba, a noite avança e se o sol ainda nos encontrar ambos vivos sobre a terra e em face um do outro, de pejo e horror pode voltar-nos o rosto e recuar a esconder-se de novo no seio do oriente. Cumpre que um de nós não veja mais a face do sol.

— Eu me coloquei à tua disposição, volve-lhe Itajiba levantando-se e empunhando as suas armas. Onde queres combater? Aqui mesmo dentro desta canoa, ou em terra?

— Onde quiseres.

— Pois bem; seja aqui mesmo: esta noite deve ser eterna para nós ambos. Inimá, tu me odeias, e tens