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Lamb. Que? Põe para alli o dinheiro, senaõ esquartejo-te.

Alonç. Mas xe los Xenhores num mo lo dieraõ?

Lamb. Põe-te já já fóra da minha casa, ladraõ, maroto, brejeiro.

Alonç. Que me ba? Num me boi xem que xua merxêa me pague o tempo que o xerbi.

Lamb. Ahi tens a paga. Dá-lhe.

Alonç. Num me boi, num me boi, quiero lo mei dinheiro, ora quiero ber angura. Deita-se no chão.

Lamb. Ah, naõ queres? irás de rastos. Leva-o de rastos para fóra.

Alonç. Áque d’ElRei, Áque d’ElRei que me num queren pagar lo mei dinheiro, Áque d’ElRei.

Lamb. Sim, sim, vai gritando: quero ver qual póde mais. Vai-se levando-o.

 
SCENA ULTIMA.
Trifaldino com hum cofre. Julia com hum caõsinho, e espelho. Labrusca com huma trouxa, e depois Lambuza.
 

Trif. Vamos depressa, naõ percamos tempo preciso.

Jul. Espera que me ficou lá hum relogio á cabeceira da cama.

Labr. Leve o Diabo o relogio: nada de esperas.

Trif. Dize agora a teu pai que te case com seu Compadre.

Sahe Lambuza.

Lamb. Custou-me a pôr o Gallego fóra… mas que he isto? Trifaldino em minha casa? Julia, Labrusca, que historia he esta?

Jul. Oh Ceos! que entrega! eu morro! Encosta-se a Labrusca.

Labr. Naõ quizeraõ senaõ pôr-se de Ré, mi, fá, sol: ora, apanhem a boarda de Cupido, por naõ cumprirem o que resa o Alcoraõ.

Lamb. Naõ fallaõ? mas que he isto? o meu cofre nas mãos deste Ladraõ? Áque d’ElRei que estou roubado! Agarrando no cofre.

Alonç. Áque d’ElRei que me num quierem pagar lo mei trabago!

Lamb. Ha desordem semelhante! que veio V. m. fazer a minha casa?

Trif. Meu Senhor.... Eu.... perdoe-me....

Lamb. Que? perdoar? hei de levallo á forca.

Alonç.