CAPITULO VIII
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CAPITULO VIII
O Imperio e as finanças


Paiz sem capitaes, o Brazil estava forçosamente destinado a ser um paiz vivendo financeiramente de emprestimos. Durante a epocha colonial o ciumento exclusivismo da metropole não lhe permittia senão o cultivo de productos tropicaes e sub-tropicaes — o assucar, o café, o algodão; a exploração, muito severamente fiscalizada e onerada com a tributação do quinto, do ouro, e a dos diamentes, arvorada em monopolio da Corôa e sujeita a um contracto ou ruinoso ou fraudulento. Á colonia era vedada uma industria regular que pudesse fazer concurrencia á da mãe patria, assim como uma agricultura variada e livre: nem trigo, nem arroz, por exemplo, que eram artigos de trafico do reino, o vinho sobretudo, representando a mais consideravel das suas exportações. A terra vivia gastando hoje o que lucrara na vespera. O beneficio maior, o que avultava era o dos commerciantes portuguezes, que depois passou para os negociantes inglezes quando, por occasião das guerras napoleonicas e da trasladação da côrte para o Brazil, os portos foram franqueados ao intercurso mercantil universal e os navios britannicos entraram a transportar elles proprios suas mercadorias que as embarcações portuguezas anteriormente carregavam para alem-mar.

Foi esse um periodo de despertar do gosto e da energia na possessão. Ensaiaram-se novas culturas, as mais exoticas — o canhamo, o chá, a seda; imaginou-se toda especie de innova-