CAPITULO X
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e não houve melhor agente dessa «entente cordiale» do que D. Pedro II. A clausura do Amazonas foi apenas prolongada mais do que convinha ao pavilhão americano, mas não determinou propriamente ultrajes.

Pelo contrario, a sombra do bill Aberdeen, ameaça constante de intervenções contra uma soberania estrangeira, se projectou sobre todas as relações entre Inglaterra e Brazil. A Inglaterra envolvia suas reclamações n'uma vestimenta arrogante, e o Brazil cada vez experimentava maior desagrado. O visconde de Jequitinhonha, que era conhecido pelo seu desembaraço na tribuna parlamentar, não hesitara em empregar no Senado esta linguagem: «A Grã Bretanha quer exercer uma omnipotencia, quer dominar o Brazil; quer que este reconheça um patronato vergonhoso, indigno de nós, e que deve merecer da nossa parte a mais forte, energica e desmedida resistencia». Alguns annos depois, quando o caso do Trent e dos enviados da Confederação, tirados á força pelos federaes de bordo d'aquelle paquete britannico, levou a Inglaterra e os Estados Unidos ao ponto quasi de guerra, o governo de Londres pensou na utilidade que lhe adviria de cultivar boas relações com o Imperio. Em caso de hostilidades como as que estiveram para romper, confessava lord Malmesbury no Parlamento, o Brazil seria para a Inglaterra no Atlantico o que seria a Sardenha no Mediterraneo. Antes do incidente anglo-americano da guerra de Secessão, em que a Inglaterra favoreceu quanto possivel a Confederação, o aspecto das coisas não deixava pensar na necessidade da cordialidade anglo-brazileira que o incidente Christie pelo mesmo tempo compromettia gravemente.



Nos rascunhos das cartas ineditas do barão do Penedo, ministro plenipotenciario do Imperio em Londres durante mais de um quarto de seculo (de 1855 a 1888), com um intervallo de poucos annos, aos politicos mais importantes do tempo no seu