218
O IMPERIO BRAZILEIRO

de Souza (visconde do Uruguay) estava perfeitamente á altura de sua tarefa. Entrando em intelligencia com os caudillos das provincias argentinas de Entre Rios e Corrientes, hostis ao predominio de Rosas, no qual enxergavam uma absorpção, porque o seu rotulo federalista dissimulava uma arisca centralização politica, chamou tambem a si os dictadores do Paraguay, cuja soberania fôra reconhecida pelo Brazil em 1844, e da Bolivia, preoccupados em resguardarem a autonomia dos seus paizes, e sustentou pecuniariamente a resistencia da praça de Montevideo. Uma vez que o governo imperial declarou que não mais trataria dos negocios orientaes senão in loco e com os belligerantes, reclamando, porem, sem resultado junto a Oribe plena satisfacção pelas depredações, confiscos e violencias de que cidadãos brazileiros tinham sido victimas, chegando alguns a ser recrutados para o serviço militar do Uruguay, Rosas assumiu uma attitude aggressiva, exigindo por sua vez reparação por uma incursão brazileira no territorio oriental.

Depressa romperam as hostilidades, o Brazil confiando o commando das suas forças, concentradas no Rio Grande do Sul, ao general Caxias, pacificador da provincia, e o commando da esquadra ao almirante Grenfell, um dos companheiros de lord Cochrane por occasião da organização da marinha nacional. Os caudillos de Entre Rios e Corrientes não mentiram á palavra dada; um general uruguayo bandeou-se para o lado contrario; as fronteiras da Bolivia e do Paraguay guarneceram-se de contingentes militares das suas nacionalidades, e as consequencias foram a fuga de Oribe, sem dar combate, e a derrota do dictador argentino pelo exercito alliado, composto de 24.000 homens, dos quaes 4.000 brazileiros, que tomaram parte na batalha de Monte Caseros, travada contra os 20.000 soldados de Rosas, o qual se refugiou na Inglaterra, vindo a fallecer em Southampton apoz um exilio bastante longo, pois que durou até 1877.