CAPITULO X
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é sempre penosa para um povo brioso, e a questão, ao tornar-se aguda, foi mal encaminhada, não abundando em Saraiva a malleabilidade que sobrava em Rio Branco. Este era, porem, dotado de um descortino largo bastante para medir a inconveniencia de um Greater Paraguay, sem o contrapeso do feudo de Urquiza, constante da região mesopotamica com que o quizera brindar a diplomacia imperial.

O Paraguay jogava com o instrumento de um povo valente até a loucura, passivo até o sacrificio e fanatisado até a inconsciencia. Demais, a diplomacia mental teria porventura capacitado Lopez de que o Brazil e a Argentina, de mãos dadas com tal objectivo, machinavam dividir entre si, para sellarem o seu accordo, as duas republicas menores. No Brazil tanto havia a recrutar soldados como a improvisar esquadra capaz de romper os obstaculos. Os dois gabinetes formados em 1865 e em 1866 — o ultimo gabinete Olinda, em que Angelo Ferraz foi ministro da Guerra, e o terceiro gabinete Zacharias, em que Paranaguá occupou a pasta da Guerra e Affonso Celso a da Marinha — trabalharam com tanta actividade quanto exito a levantar corpos de voluntarios, expedir navios construidos em mesquinhos estaleiros, n'uma palavra organizar a victoria que o numero de gente disciplinada, a audacia conjugada com a ambição, a situação topographica quasi inaccessivel, as mil difficuldades da campanha, tanto fluvial como terrestre, promettiam, senão asseguravam ao Paraguay. Angelo Ferraz, a quem coube a honra de receber em Uruguayana, ao lado de D. Pedro II, a rendição do coronel Estigarribia, permanecera a principio no gabinete Zacharias, accedendo ás vivas instancias do presidente do Conselho, mas dera sua demissão quando, n'um momento de angustia para as forças alliadas, Caxias, seu desaffecto pessoal, foi chamado ao commando em chefe das forças alliadas.