Fab. xvi. — L. 6) fez [a] muitos mal. Accrescentei a, que escapou ao escriba do ms.; cfr. fazemdo-lhe muyto mall, xxi, 6, e que lhe nom fezesse mall, xxv, 4, onde a fazer mall se segue naturalmente complemento indirecto. — L. 7) tempo fuy. Esperar-se-hia tempo foy. Aqui fuy, se não ha erru por foy, é talvez archaismo (vid Morphologia), e não attracção do sujeito da oração seguinte.
Fab. xvii. — Com o sentido d’esta fabula cfr. o rifão: «Amor de asno || entre a couces e a bocados», em B. Pereira. Adagios (onde bocado está no sentido de «mordedura», accepção que falta no Dicc. do Caturra e noutros). L. 14-15) Entendo que o complemento directo de emssina é a oração de que, e que aaquelles é complemento indirecto. L. 15) e trabalham-se = e comtudo trabalham-se.
Fab. xviii. — L. 1) [p]om este doutor emxemplo. Tambem num fabubario medieval italiano se lê pone l’autore che[1]. L. 8-9) nom me dá nada = não me importa. O autor emprega aqui dar por já ter dito antes dar dez uezes na mynha calua; o segundo dar, empregado em sentido um tanto differente do primeiro, estabelece certo contraste, que ameniza o estylo. — Hoje o mais usual é dizer-se «não se me dá», mas diz-se ainda, por ex. «que mais dá?» (= que mais importa?). Ás avessas o povo diz «não se me importa», com se, por «não me importa». — L. 10) farás de tua proll. Vid. Syntaxe.
Fab. xix. — L. 6) todo «tudo» (archaismo). — L. 12) asseentados. Como se refere á raposa e á cegonha, que são palavras femininas, esperar-se-hia assentadas; mas o autor emprega o masculino de modo geral. A mesma expressão se repete na L. 3.
Fab. xx. — L. 7) como «quando». — L. 13-14 ca (a alma) he fecta aa ssimildom de Deus. Cfr. Genesis, I, 26: Faciamus hominem ad imaginem et similitudinem nostram. — L. 15) fica o corpo terra. Exprime-se a mesma ideia por outras palavras na L. 7-8: o corpo sse torna no elamento da terra;
- ↑ Brush, The Isopo Laurenziano, Columbus (Ohio) 1899, p. 52. Já em latim: alicui praemium ponere «propôr»; cfr. tambem proponere exemplum; proponere exemplar.