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mulheres: «Se disserem poucas som as boas, eu digo que, etc.». O fabulista não fez pois mais do gue traduzir ideias correntes. Comtudo não sei qual é a proveniencia immediata do verso. — L. 45) A molher he vaso de demonio. Frase analoga se lê na Vida de Maria Egipcia: «ca nom posso eu aver gloria pellas minhas obras que fige en quanto foy[1] vaso do diaboo»[2]; e no texto latino da vida da mesma santa: fui diabolo vas electionis[3]. — L. 46) com outros gramdes sabedores, i. é «e outros grandes sabedores». Tambem em obras francesas da idade-media se diz que a mulher enganou Salomão e outros sabios: vid. P. Meyer in Romania, xv, 316 e nota 2. — L. 47) A molher he hũu armuzello do demonio. Quanto á fórma, cfr. Eclesiastes, ix, 12: sicut pisces capiuntur hamo, .. sicut capiuntur homines in tempore malo. Sobre armuzello vid. o Vocabulario. Nas Fabulas de Maria de França lê-se:

..dit hum en repruvier

que femmes sevent engignier:

les veziëes nunverables

unt un art plus que li diables[4].

O editor das Fabulas annota, a p. 362, que tambem no Roman de Renart, ed. de Méon, v. 7116, se diz da mulher: Plus de deables a un art. É vulgar encontrar nos livros de proverbios muitas diatribes contra as mulheres: cfr. Roux de Lincy, Proverbes français, t. I, p. lvii, onde dá amostras tiradas dos Contredicts de Songecreux De modo geral, a litteratura misogynica, ou anti-feministica, tinha grande voga na idade-media. Na Romania, vi, 499, dá o Sr. P. Meyer uma lista de varias diatribes. Cfr. Zs. für roman. Philol., ix, 296; e xxviii, 552 (Proverbia quae dicuntur super natura feminarum). Assim como se dizia mal das mulheres, tambem se fazia a apologia d’ellas: «Dire du bien, et surtout dire du mal, a été pous le moyen âge, comme pour l’antiquité, un des lieux communs de la litteráture», — P. Meyer in Romania, vi, 499. Cfr. do mesmo A.: a introducção aos Contes moralisés de N. Bozon, Paris 1889, p. xxxii; e um artigo na Romania, xv, 315 sqq., onde cita

  1. «Fui»
  2. Cornu, Anciens Textes, p. 16.
  3. Acta sanctorum, April. I, ed. de Antuerpia, 1675, p. 79.
  4. Vv. 53-56. Ed. de K. Warnke, Halle 1898, p. 152.