que nos façam», pois em tal caso devia entrar na frase um adjectivo, como por ex: xli, 28, «por muy poderoso e rrico que sseia»; xlviii, 22, «por pequena que sseia»; lvii, 12-13, «por nhũa gram tribulaçom que o homem aja».
As frases latinas que se seguem ao texto fas fabulas deve entender-se que foram acrescentadas pelo amanuense do sec. xv que o copiou.
1) O explicit é muito frequente, tanto nos mss. medievaes, como ainda nos primeiros tempos da imprensa; corresponde-lhe hoje «fim». Por ex: num ms. de fabulas do sec. xiii-xiv, da Bibliotheca de Paris, lê-se Explicit esopus[1]; noutro, do sec. xiii, da Bibliotheca de Wolfenbüttel, lê-se o mesmo[2]; num livro impresso em 1477 lê-se: explicit presens vocabulorum materia[3]. Seria desnecessario citar mais exemplos.
2) Liber Exopy. D’aqui se vê que o titulo da obra era O Livro de Esopo; por isso o poderia eu adoptar em vez de Fabulario, que até aqui adoptei. Ha tambem um ms. das fabulas do Anonymo de Nevelet (= Gualterius Anglicus) que começa assim: incipit liber Ensopi[4]. O titulo Liber Esopi era apposto frequentemente aos fabularios medievaes[5]. Ás vezes a palavra Esopo significava na idade-media «collecção de fabulas»; cfr. um explicit em Hervieux, Fabulistes latins, i, 577: «explicit liber fabularum qui dicitur Esopus» e outro ibid. p. 578: explicuit Esopus.
3) Cum alegorijs. Aqui alegorijs = allegoriis, no nominativo allegoriae, significa «moralidades». Do fabulario italiano de Francesco del Tuppo diz Brush: «The author of the Del Tuppo Collection, not content with a mere translation of Walter’s text, added thereto various moralizations entitled respectively: ..Allegoria or Exclamatio allegorica .. Historialis Allegorica, etc.»[6]. Conheço um livro italiano intitulado Bertoldo con Bertoldino e Cacasenno in ottava rima con argomenti, allegorie, Venezia 1739, onde as allegorie são tambem especies de moralizações postas no comêço de cada canto. Cfr. o que digo mais adeante, p. 154.
- ↑ Apud Förster, Lyoner Yzopet, Heilbronn 1882, p. ix.
- ↑ Förster, loc. cit., p. x.
- ↑ Apud Bouchot, Le Livre, Paris (1886), p. 46.
- ↑ Apud Robert, Fables inédites des xiie, xiiie et xive siècles, vol. i, Paris 1825, p. xciij.
- ↑ Hervieux, i, 567, etc.
- ↑ Brush, The Isopo Laurenziano, Columbus (Ohio), 1899, p. 35.