bulas são em numero de 62 ou de 63, conforme se contarem como uma ou como duas as dos Athenienses e das rãs[1]; outros philologos contam só 60, porgue duas d’ellas, n.os 61 e 62, não apparecem em todos os manuscritos. Para o meu estudo sirvo-me da edição feita por Hervieux (obra citada, vol. II, p. 316 sqq.) segundo o cod. n.º 14:381 da Bibliotheca Nacional de Paris[2], o qual contém o numero maximo, isto é, 63 fabulas. As fabulas gualterianas coincidem com as de Romulo, excepto duas, n.os 59 e 60, que não vem no Romulus vulgaris, e que o poeta colheu noutras fontes: o n.º 59, conto dos grous de Ibyco, que promana da Disciplina Clericalis do judeu hespanhol Pedro Alfonso (sec. XII); e o n.º 60, duello do cavalleiro com o camponio, cuja fonte se desconhece[3].
O fabulario de Walter gozou de grande acceitação nos fins da idade-media e começos do renascimento[4]: d’elle restam mais de cem manuscritos em muitas bibliothecas da Europa, — França, Allemanha, Inglaterra, Austria, Belgica, Hespanha, Hollanda, Italia e Suiça[5]; d’elle se fizeram muitas edições, desde o sec. XV[6]; d’elle, finalmente, ha numerosas traducções, imitações ou paraphrases, em prosa e verso, em varios idiomas, umas já impressas, outras ainda ineditas[7]. O texto foi tambem muitas vezes glosado e commentado[8]. Entre as traducções contam-se: o Ysopet I de Paris ou Ysopet-Avionnet, publicado em Paris em 1825 por A. Robert[9];
- ↑ Vid. supra, p. 90, nota 1.
- ↑ Cfr. Hervieux, I, 511-514 e II, 316.
- ↑ Vid. sobre este assunto: Hervieux, I, 496, II, 347; Gaston Paris, La littérature française au moyen âge, 3.ª ed., § 80; Grundriss der romam. Philologie, II-1, p. 409. — Sobre o conto dos grous de Ibyco em especial, vid. Mélusine, IX (indice); Zs. des Vereins für Volkskunde, VI, 115; cfr. tamhem Bédier, Les Fabliaux, 2.ª ed., p. 152. A designação de grous de Ibyco provém de que a respectiva aventura se attribuia na antiguidade a Ibyco, poeta grego do sec. VI a. C.; e tornou-se proverbial. Diz o nosso Bento Pereira (sec. XVII), Thesouro da lingoa portugueza, 2.ª parte, p. 226 (append. á Prosodia, ed. de 1723): «Juizo de Deus: Ibyci grues».
- ↑ Cfr. Hervieux, I, 475
- ↑ Vid. Hervieux, I, 503-602. — Depois de impresso o livro de Hervieux, descobriu-se mais um ms. {fragmentario) na bibliotheca de Reims: vid. Modern language notes, 1904, p. 198-199 (artigo de P. J. Frein).
- ↑ Vid. Hervieux, I, 602-635.
- ↑ Vid. Hervieux, I, 635-668.
- ↑ Vid. Hervieux, I, 503-606. — Adeante voltarei ao assunto.
- ↑ Vid. as suas Fables inédites des XIIe, XIIIe et XIVe siècles, 2 vols.; cfr. vol II, p. 585-587.