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o Yzopet de Lião, publicado em 1882 por W. Förster[1]; o Libro de Ysopete ystoriado, em hespanhol, Çaragoça 1489[2]; e varias italianas[3].

Pela comparação que estabeleci d-O Livro de Esopo com o fabulario de Walter, adquiri a convicção de que existe absoluta conformidade entre as duas collecções, tanto no numero das fabulas, como nos assuntos. Isso se mostra na tabella que se segue:


Anonymus Neveleti Fabulario Português
ou ou
Gualterius Anglicus O Livro de Esopo
Prologo Prologo
1—17 . . . . . . . . . . . 1—17
18—20 . . . . . . . . . . . 46—48
21 . . . . . . . . . . . 49
i. é: 18—31 21—A . . . . . . . . . . . 50 (= 49—A)[4] i. é: 46—60 (59)
22—31 . . . . . . . . . . . 51—60 (= 50—59)
32—59 . . . . . . . . . . . 18—45
60—62 . . . . . . . . . . . 61—63 (= 60—62)


Excluindo os prologos, temos pois quatro grupos de fabulas em cada uma das collecções; chamando A (1—17), B (18—31), C (32—59) e D (60—62) aos grupos da collecção latina, e A’ (1—17), B’ (18-45), C’ (46—6o = 46—59) e D’ (61—63 = 60—62) aos da collecção portuguesa, verificamos que existe apenas differença na ordem das fabulas de dois grupos: a B com quinze fabulas (porque ha duas com o n.º 21) corresponde C’ com igual numero d’ellas. É vulgar nos fabularios medievaes encontrar-se alteração na ordem das fabulas, o que tem varias causas[5].

  1. Lyoner Yzopet, Heilbronn 1882. — A p. 96 sqq. publica Förster tambem um texto critico do Anonymus Neveleti ou Walter
  2. Sobre o Isopo castelhano vid. Morel-Fatio in Romania, XXIII (1894), 561 sqq.
  3. Sobre as collecções medievaes das fabulas italianas em geral, vid. Gaetano Ghivizzani, Il vogarizzamento delle favole di Galfredo dette di Esopo, parte I e II, Bologna 1866 (onde se reproduz um ms., do sec. XIV, da Bibliotheca Riccardiana de Florença, ou Isopo Riccardiano); e Peabody Brush, The Isopo Laurenziano, Columbus (Ohio) 1899, p. 1 e sqq. — As fabulas italianas tem varias origens: Walter, Marie do France, o Libre delle Virtú, etc.
  4. Á fabula das rãs que pedem um senhor a Juppiter dei o n.º 50.º; podia ter-lhe dado o n.º 49.º—A, de harmonia com o n.º 21-A de Walter
  5. Cfr. K. Warnke, Die Fabeln der Marie de France, Halle, 1898, p. XII—XIII.