N-O Livro de Esopo corresponde a estes textos a fab. XXII.
Ao parallelismo que assinalei entre o Esopo português e o Esopus moralisatus corresponde outro, e talvez maior, entre aquelle e o Isopo Riccardiano. Com effeito ha fabulas no Isopo Riccardiano que começam d’este modo: dicie il detto savio che[1], conta il savio che[2]; os epimythios: per questo essempro ci amoniscie il savio che[3], amaestraci qui el savio che[4], pone il nostro libro che[5]. No nosso texto sabemos nós que são frequentes as expressões [c]onta o doutor, [p]om este poeta, per este enxemplo nos amoesta, querendo-nos amaestrar. Vejamos outros parallelismos, alem dos meros formularios iniciaes:
O Livro de Esopo
.. assemelha este sseu ljuro a hũu orto no quall estam flores e fruytos. Prologo.
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Isopo Riccardiano
.. assomigliando questo suo libro a uno giardino nel quale sono molti belli fiori e frutti.. Ghivizzani, II, 1.
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Abstrahindo dos adjectivos molti belli, devidos á imaginação italiana, a concordancia dos dois textos é completa. Ambos elles distam do texto latino do Anonymo: Ortulus iste parit fructum cum flore. E tambem não distam menos do Esopus moralisatus, que diz: in isto libello est flos cum fructu.
O Livro de Esopo
[C]onta-sse que hũa vez hũu asno encontrou com hũu porco montês, e ssaudamdo-o disse com boo coraçom: — Deus te ssalue, senhor porco.. E o porco rreçebeo as doçes palauras por emjuria, e ameaçando com a cabeça, disse: —.. Se não fosse porque nom quero luxar o meu fremoso dente.. Fab. XI.
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Isopo Riccardiano
Conta il savio che andando uno asino per la selva trovó uno porco salvatico e salutollo e disse: — Fratello, Dio ti salvi.. Lo porco minacciando, disse: — Se non fosse ch’io non voglio lerciare li miei denti.. Ghivizzani, pp. 30-31 (tambem fab. 11.ª).
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