maliçia pera comer /[Fl. 46-v.] do guaado quanto lhe abastasse, e temya-sse dos cãaes.
Ho pastor, cuydamdo que o dizia por fazer bem, lançou de ssy todolos cãaes. Ho lobo emtrava ao fato sseguro[1] e nom temya nada.
Hũu dia o pastor sse partio e leixou o guaado na guarda do lobo, e o lobo chamou outros lobos, e matarom o guaado e comerom quanto quiserom e partirom-sse. Quando o pastor tornou e achou tamto mall fecto[2], foy muy triste.
Comta-nos ho poeta esta hultima estoria e diz que per afaagos que nos façam nom deuemos leixar as cousas que nos ssom compridoyras e de nosso proueyto, e nom deuemos tomar nem buscar aquelas cousas pellas quaaes podemos aver dapno ou uergonça. Ajmda diz que os afaaguos que sse fazem maliçiosamente empeeçem mays que peçonha.
EXPLICIT LIBER EXOPY CUM ALEGORIJS. DEO GRACIAS.[3]
- ↑ Isto é: entrava seguro ao fato.
- ↑ Leia-se feito.
- ↑ Tradução do latim: Aqui termina o livro de Esopo com moralidades. Graças a Deus.
- ↑ Para o verso ficar completo falta aqui et, mas assim está no original.
- ↑ Tradução do latim: O livro acabou; louvor [e] glória a Cristo!
- ↑ No ms. scptor com r sobre a 2.ª e 3.ª letras.
- ↑ Esperar-se-hia demonstrat littera ou litera; mas assim está no manuscrito.
- ↑ No fim, para completar a linha, ha um ornato insignificante.
- ↑ Tradução do latim: A excelência do escriba é demonstrada pela qualidade das suas letras.
