Página:O livro de Esopo fabulario português medieval.pdf/75

VOCABULARIO


No presente Vocabulario collijo apenas vocabulos das seguintes especies:

1) aquelles que estão hoje completamente fóra de uso, por ex.: guarnimento;

2) aquelles que, com quanto não estejam totalmente fóra de uso, tem porém uso restricto, por ex.: talante;

3) aquelles que são fórmas archaicas de vocabulos ainda vivos, por ex.: coobra;

4) aquelles que tem alguma significação ou emprêgo syntactico, diversos dos da actualidade, por ex.: curar;

5) aquelles que apresentam particularidades orthographicas que possam induzir em êrro de pronúncia, por ex.: reignar.

Pois que o meu intuito não e só tornar intelligivel de todos os leitores o texto das fabulas, mas tambem contribuir para o vocabulario geral da lingoa portuguesa com alguns elementos, não hesitei em juntar frequentemente aos vocabulos notas lexicaes e etymologicas.

Os algarismos romanos referem-se aos numeros que tem as fabulas; os algarismos arabicos ás linhas de cada fabula, posto que estas não estejam numeradas no texto[1] (não os faço referir ás linhas de cada pagina, para facilitar a separata que tiro d’este artigo, pois que ella ha de levar paginação nova).

Como, por um lado, a orthographia do texto é bastante variavel, pois ahi se lê, por ex. hestoria e estoria, se e sse, llobo e lobo, comta


  1. Os leitores que quiserem seguir com attenção o que digo no Vocabulario devem numerar as linhas das fabulas (de 5 em 5, por exemplo)